
Ela chegou antes do que eu esperava. A falta de assunto. A leitora e o leitor assíduos do Letra Corrida sabem que não cheguei à décima crônica. Olham-me com ar severo: Já?. Têm razão. É cedo pra isso.
Mas a falta de assunto é papo furado. O excesso é o busílis. Tanta coisa sobre o que escrever puxa o cronista prum lado, pro outro. Escrevo sobre isso? sobre aquilo? Pesquisa ali, pesquisa acolá e, quando o autor se dá conta, a semana torce o torniquete e o prazo gangrena.
Por exemplo, eu estava escrevendo sobre o hábito do curitibano-raiz de se dirigir ao outro com a palavra vizinho – como se usam cara, mano, amigo, xará, veio em outras praças. Taxistas, donos de bar a empregam muito por aqui ainda. Parágrafos foram digitados, garanto. Contavam da surpresa de ouvir essa forma de tratamento da boca de moradores de uma cidade em que um bom-dia muitas vezes tem como resposta um iceberg de silêncio. Quantas vezes um cumprimento no elevador não bate o nariz na porta da indiferença do… vizinho.
Fui atrás de histórias originais, da etimologia da palavra vizinho e de outras, mas não houve como aproximá-las de modo a agradá-los, exigentes leitores. Os parágrafos estão lá, à maneira de escombros.

Bastidores do
Letra Corrida
Há, por trás desta vistosa página do Letra Corrida, uma dúzia de rascunhos boiando em bites e pixels à espera de um ponto final ou de um apertão na tecla delete. Os borrões literários empilham-se ali na estante de LCD com seus títulos provisórios. Aos poucos adquirem um ar de oficina de desmanche digital.
Outro tema que quase veio à tona foi o dos rios. Naveguei nele por uns sete parágrafos, mas, ao fim, soçobrou. Começava comparando os rios Barigui e Belém (muito conhecido dos leitores do Trevisan) de Curitiba aos de minha infância em São Paulo.
Pesquei informações curiosas.
Por exemplo, a palavra que nomeia o rio Barigui deriva de termo tupi-guarani que significa “rio dos mosquitos- pólvora” ou “do maruim” (para o leitor paulista: esse mosquito é um primo belicoso do borrachudo); a diferença de cerca de 150m de altura entre o Norte e o Sul de Curitiba dá o empurrão necessário para esse rio e o Belém descerem de Almirante Tamandaré e do Bacacheri até o rio Iguaçu (esse trecho roubei do rascunho, raspe a tela aí, leitora, leitor, que você verá). Mas essas e outras informações não fluíram bem quando colocadas no mesmo leito.
Assim, dei com os burros n’água e os parágrafos estão empoçados atrás deste tapume de bites e pixels.

Página das Estatísticas do Letra Corrida
Mas saiba, leitora, leitor, que há uma forte agitação nos bastidores do Letra Corrida. Há as listas de posts publicados, agendados e de rascunhos; há – e muito plena – a página das estatísticas, na qual esse cronista amador escrutina em tempo real o sucesso ou fracasso dos seus escritos; tem os recursos de imagens ao lado dos botões para classificar os textos em categorias, tem as TAGs; e há ícones e links cujas funções desconheço, como uns tais de widgets, incodes etc.
Mas eis, meu leitor minha leitora, que um tema aponta no horizonte do ecrã. Um assunto formoso e irresistível como todo assunto novo. Vem carregado de promessas e de um futuro alvissareiro. A paz volta ao Letra Corrida. É o tema da…, epa, não, não vou revelá-lo. As chances de ser uma falsa promessa não são pequenas. Daqui a quinze dias conheceremos o fim disso. Sejamos pacientes.
Cadê o Godofredo pra ajudar?
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Godofredo, como um bom gato, trabalha quando quer. Me ignorou solenemente. Só fez a revisão.
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Estou aguardando as próximas, de mosquito-pólvora ou de falsa-vizinhança, abs!
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Quem promete tem de cumprir… Tô lascado…
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Ôh vizinho, excelente crônica..aguardando todas, especialmente a dos rios..👏👏
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amanhã, estou de volta. Não será ainda a crônica dos rios, mas…
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amanhã, recomeço. Não será sobre os rios, ainda… forte abraço
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