Esta é última crônica antes dos sessenta. O passe de idoso, as filas e os estacionamentos preferenciais crescem no horizonte. Antes de alcançar esses privilégios da velhice, melhor olhar pra trás e fazer um acerto de contas com os anos que se foram. Aos vinte, circulava pela PUC de São Paulo. Mais pelo lado de…
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Próximo! Próximo!
"Não dê esmolas para pedintes nem compre de ambulantes nos trens do Metrô", repete a locutora da Linha Amarela. A voz cava um sulco nos tímpanos dos passageiros. Na Linha Verde, transfiro alguns trocados para um desempregado com a filha no colo. Ligeiras, duas violinistas tocam clássicos no vagão, arrematam com Asa Branca e levam…
Jardim da infância
Seu Zé e dona Cecília viraram personagens. Ele jardineiro, ela vizinha. Ele pardo, ela negra, ambos elegantes. Seu Zé cuidava do jardim de casa, em um período da minha infância, na década de 1970, em São Paulo. Uma vez por mês, creio. Lembro-me bem dele, da voz grave. Homem cordato, pacífico, pele curtida, palma das…
Delírio brevíssimo
Em um fim de tarde, procurando me desconectar, dei por mim, imóvel, encarando-os. Um balde e uma vassoura habitam-me a garagem. O primeiro serve água aos cachorros; a outra corre com folhas e poeira. De lata, o balde tem ar de relíquia; de palha, a vassoura espiga elegância. Há algo de Sancho Pança e Dom…